quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Comida de Santo

Babalorixá e Imagem de Yemanjá

A Cozinha baiana sempre me fascinou, aliás posso dizer que sou um admirador da cultura da Bahia em geral. Basta dizer que de lá vieram Jorge Amado, Dorival Caymi, João Gilberto, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Gal Costa, e tantos outros talentos. Isto sem falar nos estrangeiros que se apaixonaram pela Bahia e a adotaram por sua terra, como o fotógrafo Pierre Verger e o pintor Carybé, que se tornaram autênticos baianos.
Estes artistas influenciaram a cultura brasileira em seu todo e terminaram por a levar para além de nossas fronteiras, encantando o mundo.
Das três matrizes formadoras do povo brasileiro, Europeia, Indígena e Africana, a influência desta última se sobressai nos ingredientes e pratos típicos baianos. O que muitos brasileiros aqui no nosso sudeste não sabem é que a origem de diversos desses pratos está ligada ao Candomblé, eram, e até hoje são, oferendados aos Santos. São as chamadas Comidas de Santo. Cada receita é apropriada a um Santo específico, como: Xixim de Galinha, para Cosme e Damião, Acarajé para Iansã, Pipoca para Obaluaiê, Batata -Doce para Oxumare e assim por diante.
Para nossa sorte, não existe objeção alguma no Camdomblé em podermos nós, pobres mortais, desfrutar dessa comida. Com isso, as receitas originais terminaram por ser  incrementadas pelos cozinheiros e chegaram às mesas de nossas casas e ao cardápio dos restaurantes tendo, muitas vezes, sua origem religiosa esquecida. É a nossa antropofagia tão falada por Mário de Andrade. Um traço cultural africano, de natureza religiosa, que foi assimilado pelo povo e se incorporou na cultura popular como cozinha típica.
Minha amiga Elíbia Portela, grande cozinheira e apresentadora do programa de televisão Prato da Casa, um dos grandes sucessos da TV baiana, me passou a receita de uma Comida de Santo que me encantou. Sua execução é fácil e o resultado é uma verdadeira explosão de sabores e aromas. É o Arroz de Hauaçá, tradicionalmente oferecido no Candomblé a Yemanjá, e cuja receita a seguir transcrevo e recomendo a todos, independente de credo, seu sabor transcende à religiosidade. É puro Brasil. 

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