quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sabor Caipira


Quando era menino, morávamos na cidade de São Paulo, no Bairro do Bixiga, tradicional reduto italiano da capital. Minha vida exclusivamente urbana tomou novo rumo quando meu pai comprou um sítio em São Miguel Arcanjo, próximo à cidade de Itapetininga, sudoeste do Estado. Pude, com isso, conhecer de perto o universo interiorano, caipira, pelo qual me enamorei e sou apaixonado até hoje. Os costumes caipiras, dos quais ouvia falar nas histórias de meu pai, que nascera em uma fazenda no interior de São Paulo, passaram a fazer parte de minha vida. Festas na roça, romarias, modas de viola, passeio de mula, pescaria de traíra, isso tudo fazia parte de meus finais de semana e férias.
Minha mãe, cozinheira de mão cheia, se encontrou no fogão de lenha da casa do Sítio. Produzíamos feijão bolinha e eu, que andava no lombo de um cavalo desde os primeiros raios de Sol, comia pratadas de feijão bolinha com arroz de fazer inveja a roceiro. As sobremesas não ficavam atrás: doce de sidra, de abóbora, de goiaba, de leite, de leite talhado. Este último, o meu preferido, até hoje. Bestial, como diria meu amigo René. Fico com água na boca de lembrar-me desses sabores de nossa casa que, infelizmente, não voltam mais.
Havia também sabores inesquecíveis de quitutes comidos fora de casa. No caminho para o Sítio parávamos em uma lanchonete de Posto de Gasolina, em Sorocaba. Chamava-se OK. Esta antes humilde lanchonete é hoje a rede de Churrascarias OK. Eles faziam um bolinho delicioso, que não conseguíamos descobrir do que era recheado, portanto o apelidamos de Bolinho Misterioso. Depois de vários anos ali parando o dono da casa nos confidenciou que era recheado com a sobra dos espetos da churrasqueira. Ela era moída, temperada e introduzida no Bolinho Misterioso. Muito raramente, quando acompanhava meu pai para resolver algum negócio em Itapetininga, almoçávamos no Restaurante Sacizinho. Lá comíamos outra coisa muito boa, espetinhos de lombo suíno empanados com queijo ralado. Deliciosos, uma tradição da cidade. Ao menos esse sabor ancestral tenho quando quero, pois os Fogaça, proprietários do restaurante, me ensinaram a receita dos Espetinhos de Itapetininga. Divido-a aqui com vocês. Podem fazer que não se arrependerão. É puro sabor caipira.  


terça-feira, 3 de abril de 2012

Frango com Pequi.


Nesse filme, feito no Museu do Tropeiro, você poderá ver a receita de Frango com Pequi, executada por meu amigo Isael Cruz, diretor do museu e cozinheiro de mão cheia. Conosco estava o violonista Carlos Barbosa-Lima, que nos encantou com seu arranjo feito para a música de Mason Williams. Foi um dia muito gostoso, em todos os sentidos.